A Maçonaria é uma instituição universal, fundamentalmente filosófica, trabalha pelo advento da justiça, da solidariedade e da paz entre os homens. De acordo com o grande professor, Irmão Moisés Mussa Battal, da Grande Loja Maçônica do Chile, a Maçonaria não é uma escola filosófica, mas uma escola do filosofar.
"A tarefa essencial da filosofia maçônica é irradiar a luz de nossos princípios e de nossos hábitos para melhorar a condição humana. Mais que monovalente, ou seja, de uma só linha, de uma só raiz, ela é polivalente. Tem vertentes, então, que a alimentam e ela se reparte como um delta no mundo profano. É tradicionalista e às vezes progressistas; isto parece um paradoxo, mas não o é; tradição é conservar o melhor do passado para utilizá-lo em compreender mais o presente e preparar um porvir melhor que o presente. Ela não é o ensinamento de um conjunto de normas e princípios; nem um pensar exclusivo e excludente; é uma reflexão da vida e para a vida".
A filosofia maçônica separa o valioso do sem valor nas doutrinas e sistemas que a História conheceu; o permanente, constante, do arcaico, e o proveitoso para o homem e a sociedade do inútil para ele.
A filosofia maçônica coloca o homem no centro de sua preocupação e trabalha pela crescente melhora de suas condições vitais.
A filosofia maçônica nos incita a procurar para o homem a dignidade, o decoro, a consideração e o respeito à sua personalidade, cinzelada nas contingências da vida, enquanto ela se desenrola em torno de um temperamento, de uma vontade, uma inteligência e uma vocação.
A filosofia maçônica deseja que o ser e a existência do homem girem em torno de três valores superiores que a História destacou como as maiores conquistas da humanidade: liberdade, igualdade e fraternidade. Ela pondera mais que nenhuma outra, dentre as três, a fraternidade, pela transcendência e os benefícios que implica e abarca tanto na esfera do individual como no coletivo.
A filosofia maçônica quer defender o homem da ignorância e da incultura, dos temores e das necessidades, da exploração e das injustiças, do fanatismo, do dogma, dos tabus sobretudo da opressão e das tiranias interiores e exteriores de qualquer classe.
A filosofia maçônica deseja situar o homem numa sociedade onde reine a ordem e o trabalho, a igualdade de possibilidades e de oportunidades, a paz e o progresso, a competência não bastarda, mas que desenvolva as capacidades e as iniciativas, e a cooperação e a solidariedade contidas em seu ser. Quer prepara-lo para viver e atuar inteligente e construtivamente num regime democrático e conseguir a melhora e o aperfeiçoamento deste seu regime, de maneira que alcance o que ele ofereça nos campos econômico, social, cultural e político. E defende o regime democrático porque, até agora, é o que melhor se apresentou. E o quer total e não parcial.
A filosofia maçônica quer fazê-lo sentir e segurar e incorporar a seu ser e existência esta noção da independência, da interação, da intercomunicação dos indivíduos e dos grupos e dos povos da humanidade. Ao procurar-lhe esta consciência está fundamentando a fraternidade humana, a paz e a solidariedade.
A filosofia maçônica mostra ao homem o incalculável valor da arte de pensar bem e do domínio humano, pelo saber, sobre a natureza e a sociedade. Ela lhe mostra, também, o valor incalculável do livre exame e da dúvida metódica e o domínio sobre os meios e instrumentos que reclamam uma ação sábia, prudente e eficaz. Evidencia e demonstra-lhe que a ciência e a lógica, em que pese sua eficiência e utilidade, não satisfazem toda a ânsia humana de saber nem sobrepujam nem super passam as contingências na existência humana. Demonstra a ele que o concerto harmônico de cérebro, mão e coração é superior a todo intelectualismo enfermiço, a todo falso ou aparatoso romantismo, a todo predomínio controlado da técnica desumanizada. Procura fazer que sua vida se deslize dentro do triângulo áureo da verdade, do bem e da beleza. E que uma vez organizada e afinada sua vida, ela se ponha ao serviço do bem comum. Forma homens, forma dirigentes, forma combatentes pela verdade e o bem. Acende no homem sua fé e seu entusiasmo em torno das possibilidades de superação que há em todos os indivíduos e em todos os povos. Consolida sua crença em que o superior emerge do inferior e em que um transformismo melhorativo, que melhora a condição humana, é factível não somente na condição humana, mas em toda ordem de coisas. Trata de dissipar nele toda burla e perda do sentido de universalidade, todo resto de cepticismo infecundo e sobretudo toda mostra de dúvida constante e cega, pirrônica. Sustenta no homem sua adesão insubornável aos poderes do entendimento e da razão, mas sem menosprezar os apontamentos empíricos da experiência. Leva-o a apoiar-se num positivismo científico e não se estacar no exercício da meditação e das lucubrações nos campos metafísicos da ontologia, da gnosiologia e da axiologia. Reforça suas preocupações e seus estudos comparados em torno das religiões para retemperar nela a tolerância; respeitar a inata religiosidade e abraçar um deísmo ou um gnosticismo equidistante do ateísmo estéril e do teísmo anticientífico e antirracional, sempre eivado de sectarismo e de proselitismo anacrônicos. Ele é levado a assumir uma atitude tolerante frente ao magismo, ou seja, à magia e à parapsicologia; mas também evitar que se entregue com entusiasmo infundado estas ocupações; logo verá, diz, a luz pelo caminho da investigação nestes casos em particular.